2015
Descritivo
A abertura da Exposição sobre o Professor e etnógrafo Luís da Câmara Cascudo – O Tempo e EU e VC, aconteceu no dia 19 de outubro de 2015 no Museu da Língua Portuguesa/Praça da Luz, São Paulo/SP. A exposição ficou aberta para o público até o dia 20 de dezembro do mesmo ano.
A partir de registros iconográficos, entrevistas e testemunhos, periódicos oficiais e manuscritos, a proposta curatorial procurou transportar para a nossa contemporaneidade a obra e a trajetória de vida de Câmara Cascudo, desenhando suas verdades e experiências.
Através de um modelo de curadoria compartilhada foi construída uma exposição a partir de “imersões” que consistiram no envolvimento das equipes colaborativas do processo (Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo, Espaço Cultural Casa da Ribeira, Expomus e o serviço educativo do Museu da Língua Portuguesa) – e toda a relação de interação e convivência com os locais vividos intensamente por Cascudo na cidade do Natal (RN). Esta iniciativa teve por objetivo recuperar o espírito de Cascudo para o nosso período contemporâneo, que foi traduzido através de registros videográficos e ambientes de tecnologia, permitindo uma maior envolvência, vivência e convivência do público com o universo do escritor/ pesquisador.
A proposta expositiva visou oferecer ao público uma (re)descoberta das experiências vividas pelo próprio Cascudo no processo de construção do livro Dicionário do Folclore Brasileiro procurando extrapolar as temáticas abordadas (religião, gastronomia, gestos e literatura) na criação de ambientes, onde as sensações como o cheiro ou o sabor foram despertados. Procurou-se ainda incitar o público acerca do papel e da própria definição de “dicionário”, lançando questões como “o que é o dicionário em pleno ano de 2015? E como ele é construído e atualizado neste mundo contemporâneo e conectado?”.
Outro aspecto importante sobre a proposta expositiva foi de valorizar todo o entorno do Museu da Língua Portuguesa (a Estação da Luz, o centro histórico da cidade de São Paulo, a diversidade de pessoas que circulam por lá) uma vez que o desenho da exposição buscou ultrapassar as paredes do Museu, expandido-o para uma vivência integrada com a rua, com os aspectos vivos da pluralidade brasileira, capturando nesta dinâmica a própria essência do trabalho de Câmara Cascudo, que se inspirava no povo brasileiro e sua existência normal. O percurso expositivo propôs cinco módulos que abrangeram os principais eixos temáticos da cultura popular descritos pelo autor na sua obra, sendo eles:
1. O Tempo e Eu ⁄ Aqui está O HOMEM abrange a biografia do autor do “Dicionário”, cuja vida compreende o extenso período de 1898 a 1986.
2. Dança, Brasil ⁄ Os autos e as festas populares do Brasil, autênticas manifestações de nossa miscigenação cultural. Para Cascudo, “o povo é que sempre dançou suas danças, como ainda costuma, acima de qualquer figurino momentâneo”.
3. Todo trabalho do homem é para sua boca… ⁄ módulo que explora o grande estudo da história da alimentação no Brasil realizado por Cascudo e oriundo de sua viagem ao continente africano em busca das nossas origens alimentares, empreendida em 1963.
4. A Literatura Oral e A Voz do Gesto ⁄ módulo que abrange “todas as manifestações culturais, de cunho literário, transmitidas por processos não gráficos”, além do típico gestual brasileiro, “expressando o pensamento pela mímica, convencionada através do tempo”.
5. Religião no Povo ⁄ Aqui o mais autêntico sentimento religioso popular, manifestado através das bênçãos, nas promessas, dos santos tradicionais e consagrados pelo povo, das orações, das pragas e das profecias. Entretanto, a religião do povo brasileiro é, eminentemente, sincrética e Cascudo analisa este sincretismo dentro de sua obra, estudando o “catimbó” e seus elementos, tais como a sessão, o “fechamento do corpo”. Aparecem também as superstições, tão presentes e atuais, do povo brasileiro, que crê em sorte e em azar e usa amuletos para afastar o mau olhado.
Mais de 48 mil pessoas visitaram a exposição e puderam apreciar a construção de um trabalho feito por muitas mãos que apostaram na necessidade de apresentar a vida e obra de um genuíno brasileiro apaixonado pelo Brasil, considerado um dos maiores folcloristas do Brasil.
Os pensamentos e as obras de Luís da Câmara Cascudo foram construídos por um olhar atento, com percepções e “conhecimento de ouvido” – ele ouviu o povo. Seus estudos eram motivados à observação do dia a dia da vida das pessoas. Cascudo escreve sobre o Brasil com uma linguagem peculiar, bem humorada e ao mesmo tempo profunda, mas com uma visão sempre curiosa em relação ao mundo. É sobre um lugar entranhado de vida que Câmara Cascudo registra nossa história, embebida do sentimento do momento. Um olhar próximo, aguçado, tecido em anos e anos de estudo sobre o que ele chama de vida do “povo brasileiro e sua existência normal”.
Câmara Cascudo fraternalmente construía seus livros, como uma testemunha. E foram tantas publicações, mais de duzentas! Anotações em seus caderninhos não paravam, e as noites dedicadas à escrita e ao pensamento sobre o Brasil e sobre as memórias das pessoas persistiam, e insistiam.
Gustavo Wanderley – Curador Coordenador
Curador Coordenador
Gustavo Wanderley
Curadoras Adjuntas
Daliana Cascudo e Camilla Cascudo
Co-Curador
Rafael Bicudo
Idealização
Gustavo Wanderley
Um projeto
Casa da Ribeira São Paulo e Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo
Desenho Expositivo
Gustavo Wanderley e Edson Santina
Coordenação Expográfica e Produção
Edson Santina
Projeto Luminotécnico
Guilherme Bonfanti
Assistente de Projeto Luminotécnico
Grissel Piguillem
Desenho de Som e Composições Sonoras
Raul Teixeira
Pesquisa Módulo Culinária
João Luiz Máximo da Silva
Desenho de Experiências Módulo Culinária
Vinicius Capovilla
Identidade e Programação Visual
Elisa Von Randow e Julia Masagão
Fotografias
Duas Estúdio
Carlos Lyra
Ed Keffel
Fotografia Câmara Cascudo e Mário de Andrade
Arquivo do IEB-USP
Arquiteta e Assistente Expográfica
Marina Frade
Administrativo e Financeiro
Gabriella Gerber
Assistentes de produção
Marina Frade e Joyce Nogueira
Desenho de projeto Lei Rouanet
House cultura & cidadania
Enquadramento Lei Rouanet
Ana Paula Medeiros Alves
Cenografia
Elástica SP Cenografia
Esculturas e Teatro de Bonecos
George Silveira
Assistente de cenotecnia
Mateus Fiorentino
Vídeo Exposição
Marcelo Polli (captação de imagens/vídeo), Fernanda Bernardino (edição de imagens/vídeo), Carol Fomin (tradutora de libras), Cybele Jacome (atriz) e Luis Mármora (ator)
Eletricista
Kuka Batista
Equipamentos de Iluminação
Armazém da Luz
Comunicação Visual
Water Vision
Vídeo para Redes Sociais
Larinha Dantas
Assessoria de Imprensa
Fato Novo Comunicação – RN
Tudo em Pauta – SP
Parceiros
C5 – Centro de Cultura Culinária Câmara Cascudo
Agência EAT
Duca Comunicação