Vivendo e aprendendo Exposição fotográfica - 2002

Pablo Pinheiro

2002

 

Caro você,

 

Depois que conversei com Pablo me deixei dialogar com suas imagens. Aparentemente elas não me revelaram. Elas me envolveram de significados significantes. Imagens absolutamente abertas a ser. Pablo escreve “sobre” elas, mas sem fazê-las explicar. Não são inscrições explicativas, nem tão pouco descritivas, são parte da imagem. Não consigo vê-las sem. Posso fazê-las minhas a qualquer momento. Deixo-me envolver. O que me atrai é a “exposição” do artista. Não falo da exposição narcisista que muitos artistas exercem.

 

Todas as imagens, que vemos, são de pessoas que fazem parte da vida dele. É como um despertar avassalador. Um click que o artista teve e quer “gritar e ser escutado”.

 

Essa exposição cheia de subjetividades ocupou a Sala de Arte Contemporânea da Casa da Ribeira no período de 06 de fevereiro a 03 de março. Mas o que interessa a você ou a mim estes acontecimentos ou pessoas tão particulares? Penso que ao se expor desta forma, sem verdades absolutas, algo de muito sério acaba por acontecer. E é neste sentido que vejo seu maior talento. Esta “exposição” é como um impulso. Imagino como um convite para me fazer lançar sobre minha própria vida, sobre as relações, sobre o tempo, sobre o existir… Porque não pensar em uma tentativa de resgate? Pablo me disse que pensa nas “pessoas mais distantes como cartas”, acho que neste momento ele tenta registrá-las como imagens, talvez a mais efêmera de todas as lembranças. E é aí que ele nos contempla com estas poesias. Revela sem mostrar. Convida-me a pensar nas pessoas próximas-tão-distantes e sobre minhas fragilidades. Na minha dificuldade de torná-las mais próximas. Uma tentativa de “sem perder tempo”. Viver intensamente cada segundo.

Gustavo Wanderley.

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